terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Gente que inspira


 Às vezes tudo o que precisamos é parar e conversar com alguém. Que privilégio para mim foi conversar com dona Lurdes hoje pela tarde! Natural do Paraná, de uma cidadezinha próxima à Foz do Iguaçu, essa guerreira nasceu e viveu na fazenda. Casou-se e teve 5 filhos: 2 meninas e 3 meninos. Seu marido faleceu há 11 anos, quando seu caçula tinha um mês de idade; então ela mudou-se para uma fazenda em Santa Terezinha/PI, onde trabalhou ganhando R$5,00 por dia, na mata, com a foice nas mãos e a garra de vencer na vida e obter o pão para as crianças. Atualmente ela vive nas proximidades de Lagoa da Prata/MG, cidade vizinha a Luz, onde da rodoviária até a casa na fazenda tem que caminhar cerca de uma hora à pé.

 Há dois anos seu filho mais moço estava saindo da escola e sofreu um acidente. Um motoqueiro o atropelou e ele foi levado às pressas para o hospital, onde foi necessário fazer uma cirurgia na cabeça para que pudesse sobreviver. Realmente, o menino sobreviveu, mas as sequelas permaneceram. Sofre de amnésia e nos últimos meses tem lutado contra grave infecção cerebral. Dona Lurdes relatou-me que há poucos dias teve que passar uma semana no hospital onde ele ficou internado, sem poder ir à roça ver seus outros quatro filhos, pois o hospital não permitia que o menino ficasse sem acompanhante...

A vida pode ser comparada a um boi bravo que ou pegamos pelo chifre e dominamos ou ele nos derrubará e nos detonará! Conta-se que certa vez um jovem teve um sonho. Caminhando por uma estrada carregando uma cruz pesada, insatisfeito e cansado, pediu a um senhor que caminhava ao lado para trocar de cruz com ele. Sua cruz era enorme e a do vizinho tão pequena! Parecia uma injustiça. O ancião, maduro e ciente do que estava acontecendo resolveu aceitar a troca. Assim que o homem pegou a cruz do velho caiu, pois não suportou o peso. A cruz do jovem era de madeira, a do ancião era de chumbo! Mal sabia ele que o tamanho da cruz era tão importante quanto sua matéria!

Diz o ditado que "a grama do vizinho é sempre mais verde". Gostamos de pensar que nossos problemas são mais graves e mais difíceis de se enfrentar que o dos outros. "Ah, você não sabe o que estou vivendo", dizemos. "Se você estivesse em meu lugar, passando pelo que estou passando, se você fosse eu, então você compreenderia!". Não é assim que pensamos?

“Além do mais, ninguém sabe quando virá a sua hora: Assim como os peixes são apanhados numa rede fatal e os pássaros são pegos num laço, também os homens são enredados pelos tempos de desgraça que caem inesperadamente sobre eles.
Também vi debaixo do sol este exemplo de sabedoria que muito me impressionou.”
 Eclesiastes 9:12-13

Parar para conversar com a dona Lurdes foi uma honra! Essa senhora de 46 anos de idade, olhos azuis tão lindos, pele enrugada, maltratada pelo sol, pela vida, não desanimou, não se deixou abater, segue adiante, com fé em Deus, garra no espírito e a alma sonhadora. Mencionou-me seu desejo de um dia conseguir ter uma própria casinha, onde poderá habitar mais tranquilamente com seus cinco filhos e sem tantas preocupações.

Gente como a dona Lurdes nos inspira, não é mesmo?

Um comentário:

  1. Muito comovente....Deus possa trazer mais alívio a seu coração e corpo cansado. Continue na fé!

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