Às vezes tudo o que precisamos é parar e
conversar com alguém. Que privilégio para mim foi conversar com dona Lurdes
hoje pela tarde! Natural do Paraná, de uma cidadezinha próxima à Foz do Iguaçu,
essa guerreira nasceu e viveu na fazenda. Casou-se e teve 5 filhos: 2 meninas e
3 meninos. Seu marido faleceu há 11 anos, quando seu caçula tinha um mês de
idade; então ela mudou-se para uma fazenda em Santa Terezinha/PI, onde
trabalhou ganhando R$5,00 por dia, na mata, com a foice nas mãos e a garra de
vencer na vida e obter o pão para as crianças. Atualmente ela vive nas
proximidades de Lagoa da Prata/MG, cidade vizinha a Luz, onde da rodoviária até
a casa na fazenda tem que caminhar cerca de uma hora à pé.
Há dois anos seu filho mais moço estava saindo
da escola e sofreu um acidente. Um motoqueiro o atropelou e ele foi levado às
pressas para o hospital, onde foi necessário fazer uma cirurgia na cabeça para
que pudesse sobreviver. Realmente, o menino sobreviveu, mas as sequelas
permaneceram. Sofre de amnésia e nos últimos meses tem lutado contra grave
infecção cerebral. Dona Lurdes relatou-me que há poucos dias teve que passar
uma semana no hospital onde ele ficou internado, sem poder ir à roça ver seus
outros quatro filhos, pois o hospital não permitia que o menino ficasse sem
acompanhante...
A vida pode ser comparada a um
boi bravo que ou pegamos pelo chifre e dominamos ou ele nos derrubará e nos
detonará! Conta-se que certa vez um jovem teve um sonho. Caminhando por uma
estrada carregando uma cruz pesada, insatisfeito e cansado, pediu a um senhor
que caminhava ao lado para trocar de cruz com ele. Sua cruz era enorme e a do
vizinho tão pequena! Parecia uma injustiça. O ancião, maduro e ciente do que
estava acontecendo resolveu aceitar a troca. Assim que o homem pegou a cruz do
velho caiu, pois não suportou o peso. A cruz do jovem era de madeira, a do
ancião era de chumbo! Mal sabia ele que o tamanho da cruz era tão importante
quanto sua matéria!
Diz o ditado que "a grama
do vizinho é sempre mais verde". Gostamos de pensar que nossos problemas
são mais graves e mais difíceis de se enfrentar que o dos outros. "Ah,
você não sabe o que estou vivendo", dizemos. "Se você estivesse em
meu lugar, passando pelo que estou passando, se você fosse eu, então você
compreenderia!". Não é assim que pensamos?
“Além
do mais, ninguém sabe quando virá a sua hora: Assim como os peixes são
apanhados numa rede fatal e os pássaros são pegos num laço, também os homens
são enredados pelos tempos de desgraça que caem inesperadamente sobre eles.
Também vi debaixo do sol este exemplo de sabedoria que muito me impressionou.”
Também vi debaixo do sol este exemplo de sabedoria que muito me impressionou.”
Eclesiastes
9:12-13
Parar para conversar com a
dona Lurdes foi uma honra! Essa senhora de 46 anos de idade, olhos azuis tão
lindos, pele enrugada, maltratada pelo sol, pela vida, não desanimou, não se
deixou abater, segue adiante, com fé em Deus, garra no espírito e a alma
sonhadora. Mencionou-me seu desejo de um dia conseguir ter uma própria casinha,
onde poderá habitar mais tranquilamente com seus cinco filhos e sem tantas
preocupações.
Gente como a dona Lurdes nos
inspira, não é mesmo?
Muito comovente....Deus possa trazer mais alívio a seu coração e corpo cansado. Continue na fé!
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