sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Comamos e bebamos que amanhã morreremos


"'Se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos, que amanhã morreremos.' ( I Co 15:32). O que ele quer dizer com a frase 'comamos e bebamos' é que, sem esperança da ressurreição, é melhor buscar os prazeres comuns e evitar sofrimento extraordinário. Essa foi a vida que Paulo rejeitou como cristão. Por isso, se os mortos não ressuscitam, e se não existe Deus no céu, ele não teria esmurrado o seu corpo como fez. Não teria rejeitado bons pagamentos por suas tendas, como fez. Não teria encarado as cinco ocasiões em que recebeu trinta e nove chicotadas. Não teria suportado três surras com varas. Não teria arriscado sua vida enfrentando ladrões, desertos, rios, cidades, mares e multidões zangadas. Não teria aceitos noites sem dormir, frio e nudez. Não teria tolerado por tanto tempo cristãos desviados e hipócritas ( II Co11:23-29). Em lugar disso, teria simplesmente levado uma boa vida de conforto e tranquilidade, como um judeu respeitável com as prerrogativas da cidadania romana. 

Quando Paulo diz: 'se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos', ele não está dizendo: 'sejamos todos libertinos'. O que ele tem em mente é uma vida normal, simples, confortável e comum de prazeres humanos que podemos ter sem nos incomodar com céu ou inferno, pecado ou santidade, Deus - SE não existir ressurreição. E o que me deixa pasmo nessa linha de pensamento é que muitos que se dizem cristãos parecem buscar exatamente isso, e o chamam de cristianismo. 

Paulo não considerava seu relacionamento com Cristo a chave para tirar o máximo de conforto e prazer NESTA VIDA. Não, o relacionamento de Paulo com Cristo era um chamado para escolher o sofrimento - um sofrimento que estava além do que daria 'sentido', 'beleza' ou 'heroísmo' ao ateísmo. Era um sofrimento que teria sido totalmente estúpido e de dar dó, se não há ressurreição que conduza à presença alegre de Cristo."


John Piper, em
Em busca de Deus,
Trechos da página 221