"... começou perguntando em quais metáforas pensávamos quando o tema era câncer. Nós demos nossas respostas basicamente todas iguais: "nós combatemos o câncer", "nós lutamos contra o câncer", "nós estamos reconstruindo nossas células brancas", e assim por diante. A maioria das metáforas indicadas por nós eram metáforas de guerra. Elas tinham a ver com batalha. Ele então começou a falar sobre pacientes de câncer e de como, por conta de metáforas bélicas, muitas pessoas que sofrem de câncer sentem um fardo maior do que deveriam. A maioria delas está mais assustada do que precisa e isso afeta a sua saúde. Algumas, achando que foram lançadas em uma guerra mortal, simplesmente desistem. Se houvesse outra metáfora, uma metáfora mais precisa, talvez o câncer não fosse tão mortal. Por uma metáfora bélica, temos uma tendência a temer o câncer, quando, na verdade, a maioria das pessoas sobrevive a ele.
Que metáforas usamos quando pensamos em relacionamentos? "Nós valorizamos as pessoas", "nós investimos nas pessoas". E logo tínhamos uma longa relação de metáforas econômicas. "Os relacionamentos podem falir", "as pessoas não tem preço"... Sempre metáforas econômicas. Fiquei chocado!
Foi quando isso me atingiu como uma epifania em minhas artérias. O problema da nossa cultura é que pensamos no amor como uma mercadoria. Nós o utilizamos como dinheiro! Se alguém está fazendo algo por nós, nos oferecendo algo - sejam presentes, tempo, popularidade, o que quer que seja - , sentimos que ela tem valor, sentimos que ela tem algum valor para nós e, talvez, sintamos que ela não tem preço. Vi isso claramente, e senti isso nas páginas da minha vida. Eu usava o amor como moeda. Com amor, negamos afirmação às pessoas que não concordam conosco, mas financiamos prodigamente os que concordam. Só que quando barganhamos com ele, todos perdemos."
Trechos reflexivos extraídos do livro "Como os pinguins me ajudaram a entender Deus",
de Donald Miller.
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