“‘Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta
vida, somos os mais infelizes de todos os homens.’ (I Co 15:19) A vida com
Cristo vai melhor? Essa é uma pergunta extremamente crucial para a igreja de
Cristo, em especial em terras prósperas e confortáveis como a América e a
Europa Ocidental. Quantas vezes ouvimos testemunhos de cristãos que dizem que
tornar-se cristão fez a vida ficar mais fácil? Recentemente ouvi um zagueiro de
um time de futebol profissional dizer que, depois de orar para receber a
Cristo, voltou a gostar do jogo e estava orgulhoso da boa campanha do time,
porque podia sair todo domingo e dar o melhor de si.
Parece que a maioria dos cristãos no Ocidente próspero
descreve os benefícios do cristianismo em termos que fazem dele uma vida boa,
mesmo se não houvesse Deus nem ressurreição. Pense em todos os benefícios
psicológicos e relacionais. Eles, é claro, são autênticos e bíblicos: o fruto
do Espírito Santo é amor, alegria e paz... Portanto, se conseguimos amor,
alegria e paz por crermos nessas coisas, essa vida não é boa, mesmo se ficar
provado que ela está baseada em uma falsidade? Por que os outros deveriam ter
pena de nós?
O que, então, estava errado com Paulo? A resposta parece ser
que a vida cristã, para Paulo, não era a tão decantada vida boa de prosperidade
e conforto. Em vez disso, era uma vida de sofrimento, escolhido livremente, que
ultrapassava tudo que experimentamos normalmente. A fé que Paulo tinha em Deus,
sua certeza da ressurreição e sua esperança da comunhão eterna com Cristo não
produziram uma vida de conforto e tranquilidade, que teria sido realizadora
mesmo sem ressurreição. Não, o que sua esperança produziu foi uma vida de
sofrimento deliberado. Sim, ele conhecia a alegria indizível. Mas era um
‘regozijar na esperança’ (Rm 12:12). E essa esperança o liberou para abraçar
sofrimentos que ele jamais teria escolhido sem a esperança da sua própria
ressurreição e a daqueles por quem ele sofria. Se não há ressurreição, as
escolhas sacrificiais de Paulo, por seu próprio testemunho, eram dignas de dó.
Sim, havia alegria e um senso de profundo significado em seu
sofrimento. Mas a alegria existia somente por causa da esperança alegre que
excedia o sofrimento. Isso é o que quer dizer Romanos 5:3,4: ‘Alegramo-nos nos
sofrimentos, pois sabemos que os sofrimentos produzem a paciência, a paciência
traz a aprovação de Deus, e esta aprovação cria ESPERANÇA.’ Portanto, existe
alegria na aflição. Mas a alegria vem por causa da esperança que a própria
aflição está ajudando a criar e aumentar. Por isso, se não existe esperança,
Paulo é tolo em abraçar essa aflição, e ainda mais tolo ao alegrar-se nela.
Porém existe esperança. E, por isso, Paulo escolheu um estilo de vida que seria
tolo e digno de pena sem a esperança da alegria além do túmulo.”
John Piper, em
Em busca de Deus,
Trechos das páginas 216 e 217
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