sábado, 15 de dezembro de 2018

A vida com Cristo vai melhor?


“‘Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.’ (I Co 15:19) A vida com Cristo vai melhor? Essa é uma pergunta extremamente crucial para a igreja de Cristo, em especial em terras prósperas e confortáveis como a América e a Europa Ocidental. Quantas vezes ouvimos testemunhos de cristãos que dizem que tornar-se cristão fez a vida ficar mais fácil? Recentemente ouvi um zagueiro de um time de futebol profissional dizer que, depois de orar para receber a Cristo, voltou a gostar do jogo e estava orgulhoso da boa campanha do time, porque podia sair todo domingo e dar o melhor de si.

Parece que a maioria dos cristãos no Ocidente próspero descreve os benefícios do cristianismo em termos que fazem dele uma vida boa, mesmo se não houvesse Deus nem ressurreição. Pense em todos os benefícios psicológicos e relacionais. Eles, é claro, são autênticos e bíblicos: o fruto do Espírito Santo é amor, alegria e paz... Portanto, se conseguimos amor, alegria e paz por crermos nessas coisas, essa vida não é boa, mesmo se ficar provado que ela está baseada em uma falsidade? Por que os outros deveriam ter pena de nós?

O que, então, estava errado com Paulo? A resposta parece ser que a vida cristã, para Paulo, não era a tão decantada vida boa de prosperidade e conforto. Em vez disso, era uma vida de sofrimento, escolhido livremente, que ultrapassava tudo que experimentamos normalmente. A fé que Paulo tinha em Deus, sua certeza da ressurreição e sua esperança da comunhão eterna com Cristo não produziram uma vida de conforto e tranquilidade, que teria sido realizadora mesmo sem ressurreição. Não, o que sua esperança produziu foi uma vida de sofrimento deliberado. Sim, ele conhecia a alegria indizível. Mas era um ‘regozijar na esperança’ (Rm 12:12). E essa esperança o liberou para abraçar sofrimentos que ele jamais teria escolhido sem a esperança da sua própria ressurreição e a daqueles por quem ele sofria. Se não há ressurreição, as escolhas sacrificiais de Paulo, por seu próprio testemunho, eram dignas de dó.

Sim, havia alegria e um senso de profundo significado em seu sofrimento. Mas a alegria existia somente por causa da esperança alegre que excedia o sofrimento. Isso é o que quer dizer Romanos 5:3,4: ‘Alegramo-nos nos sofrimentos, pois sabemos que os sofrimentos produzem a paciência, a paciência traz a aprovação de Deus, e esta aprovação cria ESPERANÇA.’ Portanto, existe alegria na aflição. Mas a alegria vem por causa da esperança que a própria aflição está ajudando a criar e aumentar. Por isso, se não existe esperança, Paulo é tolo em abraçar essa aflição, e ainda mais tolo ao alegrar-se nela. Porém existe esperança. E, por isso, Paulo escolheu um estilo de vida que seria tolo e digno de pena sem a esperança da alegria além do túmulo.”

John Piper, em
Em busca de Deus,
Trechos das páginas 216 e 217

Nenhum comentário:

Postar um comentário