Eu sou o que minhas palavras dizem... através de conversas, através de textos, através de silêncios, através da vida...
segunda-feira, 26 de novembro de 2018
domingo, 25 de novembro de 2018
Como podemos glorificar a Deus em meio ao sofrimento?
“Como então podemos glorificar a Deus em meio ao sofrimento
e como o sofrimento pode nos ajudar a glorificar a Deus?
Em 1966, Elisabeth Elliot, que foi missionária entre os
waorani nas florestas do Equador, escreveu um romance intitulado “Nenhuma
imagem de escultura”. O livro conta a história de uma jovem chamada Margaret Sparhawk, que dedicou a vida à tradução da Bíblia para tribos isoladas da civilização cuja linguagem era apenas oral. A moça foi traduzir a Bíblia para os povos quíchua que habitavam as montanhas do Equador. Margaret conheceu Pedro, um senhor de importância vital para seu trabalho porque conhecia o dialeto oral necessário à tradução da Bíblia na língua desse povo. Pedro começou a ensinar o dialeto a Margaret, e seu trabalho meticuloso de gravação e documentação sistemáticas avançou.
Certo dia, a caminho de se encontrar com Pedro, Margaret sentiu uma enorme gratidão envolver sua alma. Ela se lembrou do versículo: "Espera pelo SENHOR; anima-te e fortalece teu coração..." (Sl 27:14). Ela então orou a Deus: "Estou esperando, Senhor. Esperando e esperando... Tu sabes quanto esperei para ser missionária entre os nativos das montanhas... Parecia que Tu havias dito para eu me dedicar à tradução e aos cuidados médicos. Então enviaste o Pedro... Estar aqui já é uma resposta de oração." A jovem pensa em tudo o que foi necessário para ela estar ali naquele dia: o apoio de amigos, a ajuda financeira de tantas pessoas nos Estados Unidos, anos de estudo e desenvolvimento de amizades, e, claro, a provisão de uma pessoa que conhecia tanto o espanhol quanto o dialeto necessário ao seu trabalho. Agora, parecia que Deus estava juntando as peças. Margaret imaginou a possibilidade de levar a Bíblia a um milhão de pessoas nas regiões longínquas das montanhas.
Ao chegar à casa de Pedro, ela descobre que ele está com uma ferida dolorosa e infeccionada na perna. Como parte de seu trabalho era oferecer cuidados médicos básicos, Margaret trazia consigo uma seringa e algumas ampolas de penicilina. Pedro pede que ela lhe dê uma injeção, e Margaret concorda. Contudo, em segundos, Pedro tem um choque anafilático, uma reação alérgica à penicilina. Aos prantos, a família se reúne ao redor do homem, que entra em convulsão.
"Você não vê que ele está morrendo?", Rosa, a esposa, grita com Margaret. "Você matou meu marido".
Margaret está atônita com o que está acontecendo e ora: "Senhor Deus, Pai de todos nós, caso nunca tenha ouvido minhas orações, ouça agora... Salva o Pedro, Senhor, salva-o." Mas Pedro piora e começa a vomitar, dobrando-se em espasmos torturantes. Rosa coloca as duas mãos na cabeça e começa o lamento de morte das mulheres de sua comunidade. No entanto, Margaret continua orando em silêncio: "Ah, Senhor, o que será da Rosa? ... O que vai acontecer com a TUA obra? Tu começaste isso, Senhor! Não fui eu! Tu me guiaste até aqui. Respondeste minhas orações e trouxeste o Pedro para me ajudar; ele é o único... Senhor, não Te esqueças. Não há mais ninguém."
Mas Pedro morre, e isso significa o fim do trabalho de Margaret. Todos os anos de labuta desapareceram. "Não posso continuar a tradução da Bíblia sem a ajuda de um informante. Deus sabia disso quando Pedro morreu. Não envio mais cartas de oração [aos sustentadores], pois não tenho nada a dizer sobre meu trabalho. Parecia, naquela noite em que o Pedro morreu, que alguém escrevera FIM em tudo o que eu havia realizado."
Chegando no final do livro, encontramos uma jovem missionária profundamente confusa. Não aconteceu nenhuma mudança de última hora, nenhum raio de sol entre as nuvens escuras. Ao lado do túmulo de Pedro, Margaret pergunta: "E Deus? Onde Ele está nesta hora? 'Estarei contigo', Ele garantiu. Comigo NISSO? Ele deixou Pedro morrer ou - não negarei nem tampouco nego a possibilidade - talvez tenha me levado a matá-lo. E será que agora, me perguntei ao lado da sepultura, Ele quer que eu O glorifique?"
Elizabeth explicou que a imagem de escultura, o ídolo do título da obra, era um Deus que sempre agira conforme nosso querer. Ou, mais especificamente, era um Deus que apoiava nossos planos, segundo o que NÓS achávamos melhor para o mundo e a história. Mas esse é um Deus que nós criamos, um deus falso. Um deus assim nada mais é que uma projeção de nossa sabedoria, de nós mesmos. Nesse modo de agir, Deus é nosso "parceiro", alguém com quem nos relacionamos, desde que Ele faça o que queremos. Se Ele quiser agir de outra maneira, nosso desejo é "despedi-lo" ou "hostilizá-lo", como faríamos com um assistente pessoal ou com um conhecido insubordinado ou incompetente.
Contudo, no fim do livro, Margaret percebe que a falência de seus planos havia destruído seu falso deus e agora, pela primeira vez, ela estava livre para adorar o Único e Verdadeiro. Quando servia ao "deus dos meus planos", Margaret vivia extremamente ansiosa. Nunca tinha certeza se Deus iria socorrê-la e "ajeitar as coisas". Vivia tentando descobrir como forçá-lO a realizar o que ela havia planejado. A verdade, porém, é que nunca o havia tratado COMO Deus, como o todo sábio, todo bondoso e todo poderoso. Agora ela se sentia livre para depositar sua esperança não em seus planos e prioridades, mas em Deus, e somente nEle. Se ela conseguisse ESSA mudança, obteria o descanso e segurança que nunca teve. Resumindo, o sofrimento fez com que Margaret voltasse para o Deus glorioso e ensinou-a a tratá-lO como tal. E, ao agir assim, Margaret ficou livre do esforço desesperado, condenado ao fracasso, e exaustivo de controlar todas as circunstâncias de sua vida e da vida dos seus amados.
Tema recorrente em toda a obra de Elliot é que confiar em Deus quando não O entendemos significa tratá-lo como Deus, e não como outro ser humano. É tratá-lo como glorioso, infinitamente superior a nós em bondade e sabedoria. Mas, como Jesus diz, a glória de Deus nunca foi revelada de maneira mais esplendorosa do que na cruz (Jo 12:23,32). Ali vemos que Deus é tão infinita e integralmente justo que Cristo precisou morrer pelo pecado, mas também que Deus é tão absolutamente amoroso que Jesus se mostrou disposto e feliz em morrer. Isso é sabedoria consumada, o fato de que o amor e a justiça de Deus, aspectos aparentemente contraditórios, tenham sido cumpridos ao mesmo tempo. Portanto, confiar na sabedoria de Deus durante o sofrimento, mesmo quando ficamos sem entender nada, é lembrar da glória e do significado da cruz. Elliot raciocina dessa forma: "As mãos que impedem milhões de planetas de caírem no caos ficaram inertes, pregadas numa cruz - por nós [...]. Podemos confiar nEle?"
Timothy Keller, em
Caminhando com Deus em meio à dor e ao sofrimento,
Trechos das páginas 189, 190, 191 e 193
sábado, 24 de novembro de 2018
terça-feira, 6 de novembro de 2018
Você acorda descontente?
“É possível estar contente em todas as coisas?
Como seria? Era como uma centena de frustrações e inconvenientes que o salário
estava na minha mente todos os dias para desafiar o contentamento, e muitas
vezes.
Tenho um pescoço rígido. Esse travesseiro tem que ir.
O que eu vou usar? Estou cansada de todas as minhas roupas!
A argamassa em nosso banheiro precisa ser reparada.
Todo mundo quer algo diferente para o café da manhã.
Meu marido quer usar uma camisa que eu não tive tempo de passar.
Por que tem que chover?
Minha mente está agitada com descontentamento, e nem sequer são 8:00 da manhã!
Queremos todos os pequenos detalhes. Então, é claro, existem coisas fora do
nosso controle, ensaios que mudam a vida, que perturbam nossas vidas: crianças
rebeldes, doenças, deficiência, perda de um ente querido, perda de emprego,
desastre natural, fome, terrorismo.
Grandes e pequenas coisas exercem o poder de destruir o contentamento.
A vida no mundo desafia o contentamento. Talvez não devamos nos surpreender.
Parte do problema é que estamos olhando para o mundo para proporcionar
conforto, estabilidade, segurança, provisão, amor e esperança.
Ninguém e nada no
mundo realmente podem nos prometer que podemos ter um bom trabalho, um bom lar,
muito para comer, bons amigos, uma familia amorosa, boa saúde, segurança ou
muito mais de qualquer outra coisa. Você pode "jogar pelas regras"
trabalhando duro, ser responsável e ser gentil com os outros, mas não há
nenhuma promessa que pagará no final. O mundo é frágil e imprevisível. Uma
doença, um ataque terrorista, uma guerra, um divórcio e um milhão de outras
coisas podem acontecer a qualquer momento. Em um instante, nosso mundo está
quebrado.
Pergunto-me o que as pessoas estão fazendo em Houston? Alguns até perderam seus
entes queridos em poucos dias porque um furacão subitamente percorreu seu
bairro. Quaisquer expectativas que a família tenha tido na semana anterior ao
furacão desapareceram agora. Toda a satisfação repentina significa uma cama,
uma refeição quente e roupas doadas.
Deus sabe que
vivemos neste mundo impróprio e caído, então porque a Bíblia nos diz que nos
contentamos? Como podemos nos contentar com condições tão incertas? A verdade é
que a Bíblia nunca nos instrui a encontrar nosso contentamento no mundo. Na
verdade, é exatamente o contrário.
Jesus diz que "No mundo você terá tribulação. Mas tenha bom ânimo; Eu
venci o mundo" (João 16:33). Dificuldade e tribulação virão. Mas Jesus diz
que ainda podemos ter paz. Como? Jesus venceu o mundo. Jesus venceu o mundo!
Está pronto!
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alívio cósmico neste mundo cheio de dor.
Como estamos? Nosso coração está cheio de vontade de responder ao que? Mesmo, e
às vezes especialmente, nas coisas difíceis, temos uma gloriosa oportunidade de
refletir. Quando Jesus promete paz, Ele quer que nós a desfrutemos agora. Claro
que será perfeito na era a vir, mas não pode ser abalado.
Não temos controle sobre nossas circunstâncias, mas temos controle sobre se
achamos paz nelas.
O apóstolo Paulo entendeu isso bem, e ele poderia fazê-lo para sempre (2
Coríntios 11: 23-27). Ei, ele foi punido 39 chibatadas - várias vezes. Ele foi
espancado com varas, apedrejado perto da morte e naufragou três vezes. Ele e
seus amigos tiveram perigos na cidade, perigos no deserto e perigos no mar. Ele
experimentou noites sem sono, fome, sede, frio, exposição e pior.
No entanto, em Filipenses 4: 11-13, Paulo pode dizer com certeza,
Em todas e quaisquer circunstâncias, aprendi o segredo de
estar contente na abundância e fome, fartura e necessidade. Posso fazer todas
as coisas através dEle que me fortalece.
Por que Paulo pode dizer isso?
Paulo não esperava que sua vida fosse fácil. Se você está procurando um lugar
para ficar no mundo, então você deve encontrar um lugar onde você possa
encontrar os melhores lugares para ficar , saúde, conforto, provisão e esperança
que não podemos encontrar neste mundo.
Paulo entendeu
que "essa leve e momentânea aflição está nos tornando um eterno peso de
glória além de tudo. (2 Coríntios 4: 17-18). Por causa do transcendente, "Uma
oportunidade para iluminar a luz de Jesus no nosso mundo sombrio e, no
processo, para glorificar o nosso Deus".
Se desejamos o contentamento neste mundo, nós, como Paulo, precisamos meditar
sobre a realidade de Jesus Cristo. A vida em Cristo não é algo. Se abraçamos
Jesus e tudo o que Ele fez por nós, esta é a nossa realidade agora.
"Paz eu deixo com você; minha paz, Eu dou a você.
Não como o mundo me dá, Eu dou a você.” (João 14:27)
Adrien Segal, em
https://www.desiringgod.org/articles/do-you-wake-up-discontent
sexta-feira, 2 de novembro de 2018
Crer ou não crer
“Não estamos sós, mas a crueza
não se dissipa só porque cremos. Há fatos que não poderão ser alterados,
sofrimentos que não poderão ser evitados. Mas Deus me sustenta. Minha fé não
pode me colocar na ilusão de que Deus viverá por mim o que a mim cabe viver.
Ele me fará perceber a Sua presença me sustentando, e só.
Essa desolação que nos ocorre
quando abandonamos a infantilidade em relação à fé é muito saudável. É a partir
dela que passamos a conhecer o verdadeiro papel de Deus em nossa vida. Como
dizia Santo Agostinho, um Deus que me ama para que eu possa amar, que me
encoraja para que eu tenha coragem. Um Deus que antecede em tudo na minha
essência e que depois me dá condições de fazer o mesmo com os outros.
Quando a espiritualidade nos
proporciona o conhecimento de nossas forças humana, estamos, de fato, sendo
movidos pelo Sagrado. Somos o lugar onde Deus ressoa. Sua ação em nós consiste
em nos fazer agir. Ele está antes de todo movimento humano, como um alicerce
antecedendo e permitindo o equilíbrio das paredes. Ele é antes de nós, em nós,
misteriosamente em nós. Sob Sua graça vivemos. É ela que sustenta, mas sem
nunca dispensar o nosso empenho.
... Às vezes eu observo como a
maneira como as pessoas rezam. Chego à conclusão de que não há transcendência naquela
relação. Para muitos, a oração parece ser uma oportunidade de esclarecer a Deus
o que Ele não é capaz de esclarecer sozinho. Rezamos como se estivéssemos dando
ordens. Queremos determinar o agir de Deus, como se Ele não soubesse o que
precisa ser feito. É uma inversão de ordem!
Nós somos sábios, conscientes de
toda realidade, pedindo que Deus faça o que julgamos achar ser o melhor a ser
feito. Não me adapto a essa religiosidade. Prefiro fazer da minha oração uma
oportunidade de confiar a Deus as minhas necessidades. Há muito tempo preferi
assumir essa postura. Sempre que eu me colocava diante de Deus como um pedinte,
era natural que eu pedisse a Ele o que eu mais queria. Mas nem sempre o meu
querer corresponde à minha necessidade.
O meu querer está à flor da pele,
ao passo que minhas necessidades são mais profundas. Eu sei o que quero, mas
nem sempre sei o que necessito, sinto-me mais honesto no reconhecimento de
minha incapacidade de saber o que devo pedir. E então assumo o papel de filho
que não sabe o que pedir. Mas Ele sabe o que necessito. Minha fé não me permite
desrespeitar essa fronteira. Ele é Deus!
Quando insisto em dizer a Ele o
que deve ser feito, alimento, ainda que inconscientemente, uma desproteção.
Preciso dizer, comandar, fiscalizar, recordar, esclarecer. Deixa de ser fé,
passa a ser projeção, pretensão de ser deus de Deus. Fazemos tudo isso de
maneira muito cândida, com as vozes em meio-tom, simulando resignação, submissão,
humildade. Mas na verdade nossas orações podem ser uma expressão de ‘neopaganismo’,
uma vez que o ser humano assume o centro da relação, ficando Deus à margem.
Compreendo que essa forma
equivocada de oração venha de nossa dificuldade em lidar com nossas limitações.
Somos humanos, somos insuficientes. Mas não queremos ser. Diante dos limites há
muitas formas de reagir. Uma religiosidade fecunda pode nos ajudar muito na
lida com esses limites. A fé em Deus nos redime diariamente nos fornecendo
instrumentos de superação. A fé nos reconcilia com os limites, ensinando-nos a
confiança em Sua proteção. Uma proteção que se expressa no cuidado que
aprendemos a ter. Sim, o limite me motiva ao cuidado.”
Padre Fábio de Melo, em
Crer ou não crer,
Páginas 23 a 26, trechos,
Pe. Fábio de Melo e Leandro Karnal, prefácio de Mario Sergio Cortella
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