terça-feira, 31 de outubro de 2017

Descobrindo o que de fato foi a Reforma Protestante

Você com certeza já ouviu falar sobre a Reforma Protestante, quer pelos múltiplos meios de comunicação, pela grande mídia ou mais provavelmente através das aulas de história da sociedade na sua escola ou faculdade. Desde o ensino fundamental ao ensino médio você ouviu sobre o destemido monge Martinho Lutero, que, tendo acesso às Escrituras Sagradas, colocou os ensinos da igreja proeminente de cabeça para baixo.

Você pode ter aprendido que Lutero foi um grande líder social; lutou contra as classes mais nobres: os príncipes, o papa e os poderosos religiosos, e ficou ao lado dos mais desprovidos, do povo oprimido e trabalhador, como se Lutero houvesse lido O Manifesto Comunista e não a epístola de Paulo aos Romanos. Mas, independentemente da forma e do quê você ouviu e aprendeu sobre Martinho e o movimento da Reforma, peço que prossiga comigo nessa viagem literária e espiritual através dos séculos, ou mais exatamente, 500 anos atrás. E veja, com os seus próprios olhos, o que o poder do evangelho pode fazer.

Agindo eu, quem o impedirá?
Isaías 43:13
Como estava a situação da igreja de Cristo naquele momento

Muito resumidamente, a igreja de Cristo iniciou-se no dia de Pentecostes. A igreja primitiva progrediu unânime na doutrina dos apóstolos, a sã doutrina possuía uma única forma e era arduamente defendida e vivida pelos nossos irmãos.

E perseveravam unânimes na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.
Atos 2:42
Entretanto, muitos cristãos sofreram perseguições terríveis e foram mortos. Em 313 d.C. Constantino aliou-se estatal e politicamente ao cristianismo e terminou com a perseguição aos cristãos, tornando o cristianismo a religião oficial do império. O imperador e a sua sucessão influenciou em grande parte na inclusão da igreja cristã à dogmas baseados em meras tradições. O cristianismo verdadeiro fora deturpado por ensinos humanos e inúmeras heresias ao longo dos séculos. Alguns resultados principais: início do papado, compra e venda de indulgências, antropocentrismo, distorções teológicas, restrição do acesso às Escrituras e inúmeras perseguições e mortes em nome da fé cristã. O verdadeiro evangelho havia perdido a sua inicial forma, era necessário uma reforma. Já haviam reformadores anteriores à Lutero que visavam a defesa do verdadeiro evangelho, mas o marco principal da reforma ocorreu em 1517.

Quem foi Martinho Lutero e o que ele fez

Resumidamente, Martinho Lutero foi um monge agostiniano e também professor de teologia. Antes de sua vida eclesiástica, ele ingressou na faculdade de direito, mas após uma grande tempestade ocorrida naquele mesmo ano, um raio caiu próximo de onde ele estava passando. Muito aterrorizado, teria então, jurado, que se sobrevivesse, se tornaria um monge; e assim aconteceu. Em 1508 começou a lecionar teologia na Universidade de Wittenberg, Alemanha. Também pregava na Igreja do Castelo de Wittenberg, e foi durante esse período que ele se deu conta dos problemas do oferecimento de indulgências aos fiéis. Então, em 31 de outubro de 1517, foram afixadas as 95 Teses na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, com um convite aberto a uma disputa escolástica sobre elas. Essas teses condenavam o que Lutero acreditava ser a avareza e o paganismo na Igreja como um abuso, e pediam um debate teológico sobre o que as Indulgências significavam. As 95 Teses foram logo traduzidas para o alemão e amplamente copiadas e impressas. Ao cabo de duas semanas se haviam espalhado por toda a Alemanha e, em dois meses, por toda a Europa.

O Papa Leão X ordenou, em 1518, ao professor Silvestro Mazzolini que investigasse o assunto, este declarou ser Lutero um herege e escreveu uma refutação acadêmica às suas teses. O Imperador Carlos V inaugurou a Dieta de Worms em janeiro de 1521, onde Lutero foi chamado a renunciar ou confirmar seus ditos. Em 16 de abril, Lutero apresentou-se diante à Dieta. O assistente do Arcebispo mostrou a Lutero uma mesa cheia de cópias de seus escritos. Perguntou-lhe, então, se os livros eram seus e se ele acreditava naquilo que todos os seus tratados diziam. Lutero pediu um tempo para pensar em sua resposta, o que lhe foi concedido. Este, então, isolou-se em oração e depois consultou seus aliados e amigos, apresentando-se à Dieta no dia seguinte. Quando a Dieta veio a tratar do assunto, o conselheiro pediu a Lutero que respondesse explicitamente à seguinte questão: “Lutero, repeles seus livros e os erros que eles contêm?” Lutero, então, respondeu:
Que se me convençam mediante testemunho das Escrituras e claros argumentos da razão – porque não acredito nem no Papa nem nos concílios já que está provado amiúde que estão errados, contradizendo-se a si mesmos – pelos textos da Sagrada Escritura que citei, estou submetido a minha consciência e unido à palavra de Deus. Por isto, não posso nem quero retratar-me de nada, porque fazer algo contra a consciência não é seguro nem saudável. Não posso fazer outra coisa, esta é a minha posição. Que Deus me ajude!
Nos dias seguintes, seguiram-se muitas conferências privadas para determinar qual o destino de Lutero. Antes que a decisão fosse tomada, Lutero abandonou Worms. Durante seu regresso à Wittenberg, desapareceu. Por fim, Lutero foi exilado, traduziu as Escrituras para o alemão e pregou sermões.

A realidade da vida espiritual de Lutero e as suas reais intenções 

A vida espiritual de Lutero anterior ao seu entendimento bíblico era conturbada. Lutero era afligido de dia e de noite por contínuas obsessões por causa da sua tentativa de justificação própria. A igreja católica romana era a única igreja que representava oficialmente o cristianismo, e o cristianismo não era pregado. Não haviam sermões fidedignos e expositivos das Escrituras. Entretanto, quando Lutero deparou-se com Romanos 1:17,  masmorras da mente humana foram destravadas. Esta chave dourada encontra-se na Verdade brevemente contida no texto diante de nós: “O justo viverá pela fé”:
Esta sentença, “O justo viverá pela fé”, produziu a Reforma! Desta linha, a partir da abertura dos selos do apocalipse virão todos os sons das trombetas do evangelho e todas as canções evangélicas como o som de muitas águas. Esta única semente – esquecida e escondida nas trevas da era medieval – foi trazida de volta, colocada no coração dos homens, cresceu pelo Espírito Santo de Deus, para no final produzir grandes resultados.
Por Charles Spurgeon

Os pilares da Reforma Protestante (Os cinco solas) e a teologia reformada

Além de Martinho Lutero, outros nomes são importantes para o movimento: João Calvino, Ulrico Zuínglio, John Knox, dentre outros. As proposições teológicas reformadas são compiladas em frases latinas que surgiram para enfatizar a diferença entre a teologia reformada e a teologia romana. A palavra latina sola, significa “somente” na língua portuguesa.


Sola Fide: Somente a Fé
Sola Scriptura: Somente as Escritura
Solus Christus: Somente Cristo
Sola Gratia: somente a Graça
Soli Deo Gloria: Glória somente a Deus


Entretanto, a teologia reformada não pode ser resumida somente aos cinco solas:
Ela é muito mais ampla do que os cinco “solas” e os cinco pontos do calvinismo (Veja o que são os cinco pontos do calvinismo, ou, a doutrina da Graça aqui). Estes são apenas a base. A visão de mundo trazido pela Reforma mudou continentes e criou nações. Na visão reformada, Cristo é Senhor de todas as áreas da vida: artes, economia, política, educação. “Não há um centímetro quadrado da realidade sobre o qual Cristo não possa dizer: ‘é meu’.”

Por Abraham Kuyper
Precisamos conhecer a teologia reformada

Logo, o grande movimento da Reforma não foi por mero acaso, força humana, eloquência ou perspicácia do monge ou de qualquer outro reformador, mas pelo poder da Palavra de Deus. A Reforma foi uma volta ao evangelho bíblico que os apóstolos ensinaram. A sã doutrina da justificação por Cristo através da fé iluminou corações e reconciliou homens com Deus, com resultados extraordinários que persistem até os dias de hoje.

É maravilhoso e um grande privilégio que tenhamos a oportunidade de conhecer a fundo a teologia reformada e que resgatemos a sã doutrina para que as nossas vidas pessoais sejam transformadas pelo poder da Palavra. O evangelho não é de interpretação subjetiva ou moldado para que sacie os nossos apetites. Ele é poderoso e tem o poder de salvar um pecador das mãos de um Deus Santo e irado, moldá-lo à imagem do Filho e salvá-lo para sempre.

Nos próximos posts separarei algumas dicas de como você pode conhecer a teologia reformada e a importância de fazê-lo: com livros, pregações, artigos e vídeos. Que o Senhor nos ajude a sermos gratas de coração por tudo o que Ele tem feito através de Cristo, protegendo a sua Igreja remanescente do erro e do engano, e firmando-a na única doutrina verdadeira: a salvação é por Jesus e resulta numa vida de fé e santidade, à Sua imagem e semelhança, para a glória de Deus.


Curiosidades da Reforma

A frase em latim post tenebras, lux (após trevas, luz) resume o mote da Reforma do século 16. Essas “trevas” referem-se ao entendimento do cristianismo bíblico pela igreja, que se desenvolveu gradualmente durante a idade das trevas ao longo da era Medieval até o tempo da Reforma.


A teologia do sacerdotalismo dominava a igreja. O sacerdotalismo propõe que a salvação ocorre principalmente por meio das ministrações da igreja, através do sacerdócio, e particularmente através da administração dos sacramentos.

Os Reformadores responderam a esse sistema da maneira mais enfática no século 16. Todavia, eles não viram sua reação como revolucionária, mas como uma obra de reforma, chamando a igreja de volta às formas e teologia original da igreja apostólica.


Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos, segundo os seus próprios desejos juntarão mestres para si mesmos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos.
2 Timóteo 4:3-4 

Você, porém, fale o que está de acordo com a sã doutrina.
Tito 2:1

Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir,
para corrigir, para instruir em justiça.
1 Timóteo 3.16

Fonte: Ana Julia, do

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