domingo, 23 de outubro de 2016

Tempo de recomeços

A vida é cheia de começos. Somos gerados, nascemos, começamos...
A vida também está repleta de términos. Tantos fins, separações e mortes...

Olhe para a história da humanidade e veja um memorial de tombos, mancadas, fracassos e recomeços. É preciso se levantar depois de cair, pois permanecer no fracasso, no lamaçal do pecado, só nos prende à derrota e morte, e isso não é viver!

A Bíblia nos traz tantos relatos de recomeços! Comecemos por Adão e Eva: Criados para um relacionamento profundo com Deus, plantados no Jardim do Éden, comem do fruto proibido, escolhem o fruto do conhecimento do bem e do mal, quebram a aliança e são expulsos do “paraíso”. Precisam aprender a recomeçar. (Gn 2:8-9,15-17; 3:1-6, 22-24).

Olhemos para Caim, o primeiro filho, aquele que assassina seu irmão Abel. Seu castigo lhe é tão pesado que, incapaz de recomeçar, clama a Deus para que o socorra, então recebe um sinal para que ninguém o encontre e mate, e (Gn 4:8, 10-17).

Então, prosseguimos para Gn 6 e vemos o relato da corrupção da humanidade, o aumento da perversidade, o coração de Deus entristecido ao extremo, a história do Dilúvio, a destruição da Terra por água, e como Noé e sua família recomeçaram. Imagino-me no lugar da esposa ou uma das noras de Noé. Como deve ter sido recomeçar, sobrevivente de um mundo totalmente destruído?

Como é para os sobreviventes de uma catástrofe recomeçar? Você já sofreu ou conhece alguém que perdeu tudo ou quase tudo com uma inundação, a passagem de um furacão, terremoto, que teve que sair do seu país como refugiado por causa de guerras e afins?

O povo de Israel viveu tantos recomeços! Como escravos serviram ao Egito por aproximadamente 400 anos (Gn 15:13), exilados foram na Babilônia por cerca de 70 anos (Jr 25:11), tiveram que guerrear e conquistar a prometida terra “que manava leite de mel” de Canaã, conviver e lutar com inimigos filisteus, dentre outros, por gerações (desde o tempo de juízes até os reis). Viram sua terra desolada, seu templo destruído em pelo menos três momentos (ano 587 a. C. pelos exércitos da Babilônia, a comando de Nabucodonosor;  com a derrota da primeira guerra judaico-romana contra o domínio romano, em 70 d.C. quando Jerusalém foi tomada pelas forças do comandante Tito; em 135 d.C, quando o imperador Adriano mandou arrasar a cidade, ao cabo da revolta judaica liderada por Simão bar Kokhba. Sobre os restos de Jerusalém, edificou-se uma cidade helênica (Élia Capitolina) e sobre o monte onde se erguera o santuário de Iahweh, erigiu-se um templo dedicado a Júpiter.), todavia, vez após outra reconstruíram seu templo, suas cidades, sua nação. Mesmo depois das duas Diásporas Judaicas, novamente “os filhos” voltaram ao lar e recomeçaram outra vez.

Quem nunca ouviu falar de Jó, o homem mais rico do Oriente em sua época, e de suas perdas (perdeu seus bens/riquezas, seus 10 filhos por um trágico acidente de uma só vez, sua saúde, e ainda por cima ganhou uma esposa e amigos que em vez de encorajá-lo e desencorajavam, julgavam mal, criticavam). Como recomeçar? Quando lemos o relato bíblico do livro de Jó percebemos sua angústia, frustração, ira (ele chegou a amaldiçoar o dia em que nasceu, e por diversas vezes questionou a Deus acerca da razão de tanta desgraça na vida!). Mas, ele não negou sua fé, permaneceu até o fim, orou por seus amigos, teve outros 10 filhos, recebeu o dobro de tudo quanto possuía e aprofundou seu relacionamento com Deus, a quem Ele mesmo afirmou conhecer antes de ouvir falar, e depois de com Ele andar (Jó 42: 1-6).

O que dizer do chamado “amigo de Deus”, Abraão?
E do conhecido “homem segundo o coração de Deus”, Davi?
E do grande apóstolo Pedro, a respeito de quem Jesus disse que estabeleceria Sua igreja? (Mt 16:18)

O primeiro deixou uma história com rastros de mentira (como pode um patriarca desse chegar a entregar sua esposa Sara a Faraó com medo de ser morto, dizendo ser esta apenas sua irmã?/ Gn 17:10-20), não soube esperar o cumprimento da promessa divina a respeito de um filho (Isaque) e gerou um filho de sua serva Hagar (Ismael) (Gn 17: 17-21).

O segundo ficou mundialmente conhecido por adulterar com Bate-Seba, quando deveria como Rei ter ido à guerra com seu povo, mandar matar Hurias, fiel soldado, e marido da mulher, sem nem ao menos se dar conta de seu pecado, até que o profeta Natã vai ao seu encontro e, por Deus, abre os olhos dele pra gravidade de seu pecado! Ah, Davi sentiu até seus ossos doerem (veja o Salmo 51, que ele escreveu após cair em si).

E o terceiro, todos conhecem por negar a Jesus 3x, tirar os olhos de Jesus ao andar sobre as águas e começar a afundar.

Mas todos estes homens também são conhecidos pela arte de não se deixarem abater em seus pecados. Todos se arrependeram e recomeçaram. E uma linda, longa e exemplar história, que nos edifica, ensina e encoraja, deixaram.

Pedro se tornou um apóstolo intrépido, cheio do Espírito Santo, e até o fim de seus dias foi uma testemunha ousada de Jesus, levando muitos homens e mulheres à conversão em Cristo e chegou a morrer crucificado de cabeça para baixo, por não se achar digno de ter a mesma morte que Seu Mestre.

O rei Davi, além dos profundos e preciosos Salmos, se tornou o mais exemplar, amado e honrado rei de Israel por todas as gerações posteriores. Todos os bons reis foram mencionados nas narrativas bíblicas como aqueles que “seguiram o exemplo de Davi”, e todos os maus reis como aqueles que “não andaram segundo o bom exemplo de Davi e sim como os conhecidos Jeroboão, Acabe e afins”.

E Abraão? Além de amigo de Deus se tornou o pai da fé, e não apenas de sua descendência natural, mas de todo aquele que, pela fé, também se tornaram nação de Deus (Rm 9: 7-8; Gl 3: 6-9).

São tantos os relatos bíblicos e tantas as histórias reais da humanidade de recomeços! Quantas você conhece? Quantas, em sua própria vivência já experimentou? Já pensou em desistir, entretanto se levantou e recomeçou?

Para abençoar seu coração,
um poema de minha amiga Ana Regina Rocha Martins
sobre a arte de recomeçar:


“Recomeçar é dar uma nova
Chance a si mesmo.
É renovar as esperanças na vida
E o mais importante:
Acreditar em você de novo.

Sofreu muito?
Foi aprendizado.

Chorou muito?
Foi limpeza da alma.

Ficou com raiva das pessoas?
Foi para perdoá-las um dia.

Sentiu-se só por diversas vezes?
Foi porque fechou a porta para os outros.

Acreditou que tudo estava perdido?
Era o início da tua melhora.

Pois é!
Agora é hora de iniciar,
De se voltar para Jesus
De encontrar prazer no novo e no renovo.

As melhores coisas da vida

Se encontram na simplicidade.”

2 comentários:

  1. Simplesmente lindo!! Como é bom saber que podemos recomeçar. Que Deus nos ajude a produzir frutos verdadeiros e genuínos de arrependimento!

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