“Me falavam que
“bonitinha” é uma feia que tem um rostinho bonito, e “lindinha” é uma feinha
arrumada, e “linda” é uma que realmente é bonita. É cada absurdo que ouvia que
me deixava bem confusa. Alguém me chamava de “bonitinha” e logo eu pensava torto:
“hum, tenho rosto bonitinho só, né?” e assim permitia que as minhocas se
instalavam em meu cérebro e coração.
Acredito que a
maioria das mulheres querem mudar algo em sua aparência. Querem serem mais
altas, mais baixas, mais magras, mais musculosas, mais voluptuosas, mais
bronzeadas, mais enrugadas (oops – acho que isso ninguém quer).
Hoje em dia
vejo campanhas em prol da verdadeira beleza, como a Dove, com seus vídeos e
propagandas. Eu admiro muito esse tipo de trabalho, creio que tem havido uma
grande melhora na maneira como as mulheres se enxergam, porém vejo tanta
infelicidade em tantas outras mulheres em relação a si mesmas.
Creio que toda
mulher em algum momento da vida sentiu-se rejeitada por não ser a mais bonita,
a mais desejada. Porém algumas venceram saudavelmente e outras se enfiaram num
poço de miséria maior ainda.
Pense num poço
fundo, BEM fundo. Foi nesse que eu me enfiei. Sempre me achava a mais feia, a
mais gorda, a mais desajeitada e quem iria ficar comigo? Como que um dia um
homem seria atraído por mim? Nunca, eu pensava. Foram anos e anos de
pensamentos negativos sobre minha pessoa, foram anos de distúrbios alimentares
e auto-flagelo. Não importava o quanto minha mãe me dizia que era linda, eu me
sentia horrível sempre. E os anos se passaram e me enfiei em outras coisas: nos
estudos, nas conquistas pessoais, nas atividades da igreja, nas amizades… até
que…
Um dia em 2003
estava com uma grande amiga subindo uma montanha enorme na cidade de Big Bear,
no estado da Califórnia. E, de repente, enquanto subia, ouvi uma voz: “Você é
linda”. E eu olhei pro lado e não havia ninguém, mas eu sabia quem estava
falando: meu Pai. As lágrimas escorriam em meu rosto e minha amiga olhou para
mim com cara de espanto e eu a disse: “Sabe Anna, eu sou linda.” Ela olhou pra
mim sorrindo e disse: “claro que você é linda, sempre te achei linda.” Mas mal
ela sabia o que havia acontecido comigo. Uma alegria borbulhava em meu ser, e
para ser BEM honesta, naquele dia eu estava muito mal vestida, estava mais
gorda do que já fui na vida inteira, com mais espinhas do que sardas e solteira
ao quadrado. Sim, eu estava um caos, mas nunca me senti tão linda.
Não foi uma
sessão de terapia, não foi um momento de elogio do meu namorado, não foi um
corte de cabelo novo — foi um encontro com a minha verdadeira identidade. A voz
dEle aumentava em mim e as mentiras evaporavam.
Você pode
acreditar por alguns meses que você é linda por causa de um relacionamento,
porque você ganhou um guarda-roupa novo ou porque atingiu sua meta no seu
regime. Mas esse sentimento na crise vai embora, vai bem longe e logo volta o
sentimento de não ser boa suficiente.
Porém quando
encontramos quem somos nEle, tudo muda. Deus não precisa te levar em uma
montanha para falar com você, nem te arrebatar, mas você precisa encontrá-Lo.
Só Ele pode te dizer quem você realmente é.
Deixe o espelho
de lado por um momento, deixe de querer ser “diferente”, de aparecer como
alguém da hora, deixe os machucados, deixe a falta de perdão e tente escutar.
Abra sua Bíblia, leia o que Deus pensa de você e escute a voz suave e doce do
Pai. Ser linda é ser satisfeita nEle. Ser
linda é carregar algo que ninguém compra, mas só ganha pela graça. Ser linda é
ser o que você é diante dEle. Só isso. Tudo isso.”
Zoe Lilly
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