"'Se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos, que amanhã
morreremos.' ( I Co 15:32). O que ele quer dizer com a frase 'comamos e
bebamos' é que, sem esperança da ressurreição, é melhor buscar os prazeres
comuns e evitar sofrimento extraordinário. Essa foi a vida que Paulo rejeitou
como cristão. Por isso, se os mortos não ressuscitam, e se não existe Deus no
céu, ele não teria esmurrado o seu corpo como fez. Não teria rejeitado bons pagamentos
por suas tendas, como fez. Não teria encarado as cinco ocasiões em que recebeu
trinta e nove chicotadas. Não teria suportado três surras com varas. Não teria
arriscado sua vida enfrentando ladrões, desertos, rios, cidades, mares e
multidões zangadas. Não teria aceitos noites sem dormir, frio e nudez. Não
teria tolerado por tanto tempo cristãos desviados e hipócritas ( II
Co11:23-29). Em lugar disso, teria simplesmente levado uma boa vida de conforto
e tranquilidade, como um judeu respeitável com as prerrogativas da cidadania
romana.
Quando Paulo diz: 'se os mortos não ressuscitam, comamos
e bebamos', ele não está dizendo: 'sejamos todos libertinos'. O que ele tem em
mente é uma vida normal, simples, confortável e comum de prazeres humanos que
podemos ter sem nos incomodar com céu ou inferno, pecado ou santidade, Deus -
SE não existir ressurreição. E o que me deixa pasmo nessa linha de pensamento é
que muitos que se dizem cristãos parecem buscar exatamente isso, e o chamam de
cristianismo.
Paulo não considerava seu relacionamento com Cristo a
chave para tirar o máximo de conforto e prazer NESTA VIDA. Não, o
relacionamento de Paulo com Cristo era um chamado para escolher o sofrimento -
um sofrimento que estava além do que daria 'sentido', 'beleza' ou 'heroísmo' ao
ateísmo. Era um sofrimento que teria sido totalmente estúpido e de dar dó, se
não há ressurreição que conduza à presença alegre de Cristo."
John Piper, em
Em busca de Deus,
Trechos da página 221
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