“Em sua última aparição, Jonas
está discutindo sob a planta imprevisível, discutindo com Deus.
Discutir com Deus é uma antiga e
venerável prática bíblica: Moisés, Jô, Davi e Pedro eram todos mestres nisso. É
uma prática em que homens e mulheres no ministério têm muita experiência.
Praticamos muito isso porque estamos sempre lidando com Deus de alguma forma, e
Deus não se comporta da maneira como esperamos.
Jonas está discutindo porque foi
surpreendido pela graça. Ele está tão chocado que reage de forma mal-educada.
Sua ideia do que Deus tinha de fazer e o que Deus faz na verdade são
radicalmente diferentes. Jonas se lamenta. Fica bravo. A palavra IRA ocorre 5x
nesse último capítulo.
A IRA é muito útil como
instrumento de diagnóstico. Quando a ira irrompe em nós, é sinal de que há algo
errado. Algo não está funcionando direito. Há mal, incompetência ou estupidez
por perto. A ira é nosso sexto sentido que fareja o que há de errado na
vizinhança. Em termos de diagnóstico, ela é praticamente infalível, e
aprendemos a confiar nela. A ira é causada por uma intensidade moral/espiritual
que carrega convicção; quando estamos irados, sabemos que estamos perto de algo
importante. Quando Deus disse a Jonas: “É
razoável essa tua ira por causa da planta?”, Jonas respondeu: “É razoável a minha ira até à morte.” [Jn
4:9].
Aquilo que a ira deixa de fazer,
no entanto, é nos dizer se o que há de errado está fora ou dentro de nós.
Geralmente, começamos supondo que o que está errado é externo – nosso cônjuge
ou nosso filho ou nosso Deus fez algo de errado, e estamos irados. Foi isso que
Jonas fez, e ele discutiu com Deus. Quando seguimos a trilha da ira com
cuidado, descobrimos que ela leva a um erro dentro de nós – informação errada,
mal-entendidos, coração imaturo. Se admitirmos e encararmos isso, passamos de
nossa discussão com Deus para algo grande e vocacional em Deus.”
Eugene Peterson
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