quarta-feira, 24 de julho de 2019

Pensando sobre a IRA


“Em sua última aparição, Jonas está discutindo sob a planta imprevisível, discutindo com Deus.

Discutir com Deus é uma antiga e venerável prática bíblica: Moisés, Jô, Davi e Pedro eram todos mestres nisso. É uma prática em que homens e mulheres no ministério têm muita experiência. Praticamos muito isso porque estamos sempre lidando com Deus de alguma forma, e Deus não se comporta da maneira como esperamos.

Jonas está discutindo porque foi surpreendido pela graça. Ele está tão chocado que reage de forma mal-educada. Sua ideia do que Deus tinha de fazer e o que Deus faz na verdade são radicalmente diferentes. Jonas se lamenta. Fica bravo. A palavra IRA ocorre 5x nesse último capítulo.

A IRA é muito útil como instrumento de diagnóstico. Quando a ira irrompe em nós, é sinal de que há algo errado. Algo não está funcionando direito. Há mal, incompetência ou estupidez por perto. A ira é nosso sexto sentido que fareja o que há de errado na vizinhança. Em termos de diagnóstico, ela é praticamente infalível, e aprendemos a confiar nela. A ira é causada por uma intensidade moral/espiritual que carrega convicção; quando estamos irados, sabemos que estamos perto de algo importante. Quando Deus disse a Jonas: “É razoável essa tua ira por causa da planta?”, Jonas respondeu: “É razoável a minha ira até à morte.” [Jn 4:9].

Aquilo que a ira deixa de fazer, no entanto, é nos dizer se o que há de errado está fora ou dentro de nós. Geralmente, começamos supondo que o que está errado é externo – nosso cônjuge ou nosso filho ou nosso Deus fez algo de errado, e estamos irados. Foi isso que Jonas fez, e ele discutiu com Deus. Quando seguimos a trilha da ira com cuidado, descobrimos que ela leva a um erro dentro de nós – informação errada, mal-entendidos, coração imaturo. Se admitirmos e encararmos isso, passamos de nossa discussão com Deus para algo grande e vocacional em Deus.”

Eugene Peterson

domingo, 7 de julho de 2019

Aprendendo a humildade com Jesus


 “Pouquíssimos cristãos verdadeiramente se parecem com Cristo. Poucos são os mansos e humildes de coração.

Jesus não pensava menos de si mesmo. Ele era dependente e completamente obediente ao Pai (Jo14:6). Contudo, pensava menos em si mesmo do que na salvação de Seus irmãzinhos. Esse era o seu estado de espírito e a essência da humildade.

Jesus não possuía os pecados e imperfeições que justamente humilham os melhores homens, mas estava tomado por um profundo senso das infinitas perfeições de Deus. Para Jesus, somente Deus era essencialmente bom. Por que Jesus era atraído pelos que não tinham atrativos? Por que Ele desejava contato com pessoas indesejáveis e amava os que não era dignos de amor pelos padrões humanos? Por que Ele amava tanta gente fracassada, derrotada e indigna? Porque seu Pai também ama!

“Em verdade, em verdade vos digo que o Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai, porque tudo o que este fizer, o Filho também semelhantemente o faz.” Jô 5:19

Sua postura inabalável em relação ao Pai o livrava de olhar para Si mesmo. Mergulhado em fascínio e gratidão, Ele nos ensinou o verdadeiro sentido da humildade. Ele dedica toda honra ao Pai do Céu, sujeita-se aos Seus pais terrenos e à cultura da época, retira-se quando querem fazê-lo rei e demonstra submissão diante das afrontas e sofrimento que experimenta.

Humildade não só constituiu um aspecto essencial da personalidade de Jesus, mas também revelou a compreensão correta do Seu messianismo e do reino de Deus. Ele desafiou a “sabedoria” com relação a COMO e QUEM o Messias iria salvar. Jesus falou claramente que Ele não era como os outros líderes religiosos e políticos da época (e provavelmente do mundo atual). Ele jamais se comportaria da mesma maneira que eles na busca dos seus objetivos para inaugurar o Reino do Seu Pai!

Ele queria deixar bem claro que não se preocupava com os desejos e paixões do coração humano inclinado para si mesmo.

Ele dizia que Deus cuidava dos fracos, pecadores, publicanos e pessoas esquecidas. Elas precisavam do Seu toque de cura. Ele lutaria até a morte pela salvação do homem, mas não faria isso através do poder humano, guerra e ódio. Ele manteria uma posição de humildade e amor, não chamando a atenção para si mesmo, mas canalizando toda atenção para o Seu Pai, com grande amor, humildade e devoção.”

Rubens Muzio, em

Jornada pela humildade, a longa descoberta do orgulho e o seu remédio,

Páginas 48 a 51, trechos