“ ‘Nabucodonosor lhes
dirigiu a palavra e disse: Ó Sadraque, Mesaque e Abedenego, é verdade que não
cultuais a meus deuses nem adorais a estátua de ouro que levantei? Pois [...]
se não a adorardes, sereis lançados na mesma hora numa fornalha de fogo
ardente; e quem é esse deus que vos poderá livrar das minhas mãos?
Ó Nabucodonosor, não
precisamos responder-te sobre isso. O nosso Deus, a quem cultuamos, pode nos
livrar da fornalha de fogo ardente; e Ele nos livrará da tua mão, ó rei. MAS SE
NÃO, fica sabendo, ó rei, que não cultuaremos teus deuses nem adoraremos a
estátua de ouro que levantaste.’ (Dn 3:14-18)
A confiança dos
três estava depositada em Deus, e não no seu entendimento limitado do que
achavam que o Senhor faria. Confiavam de todo coração que Deus iria
resgatá-los. Todavia, não eram arrogantes a ponto de achar que ‘estavam lendo
Deus corretamente’. Sabiam que Deus não tinha obrigação de agir conforme a
sabedoria limitada deles três. Ou seja, a confiança dos jovens estava
em Deus, e não em algum plano que achavam que Deus cumpriria. Confiavam em
Deus, e isso incluía a confiança de que o Senhor sabia melhor do que eles o que
deveria acontecer. Em essência, disseram: ‘Mesmo que o nosso Deus não nos
socorra – e tudo bem se assim for – , vamos servir a Ele, e não ao senhor.
Vamos servir ao nosso Deus, quer Ele esteja de acordo com a nossa sabedoria,
quer não. Não desobedecemos ao rei porque achamos que Deus vai nos poupar;
desobedecemos porque nosso Deus é Deus.
Ouço muito as pessoas dizerem: ‘Se queremos que Deus nos abençoe, devemos crer com todo fervor, sem
jamais duvidar, que Ele VAI nos abençoar. Temos de clamar por nossa bênção com
certeza absoluta de que iremos recebê-la.’ Mas não é isso que vemos aqui ou
mesmo em outros lugares da Bíblia. Pensemos nos grandes servos de Deus, de
Abraão a José, de Davi ao próprio Jesus Cristo, que oraram muito, mas NÃO
obtiveram sempre a resposta desejada. Se orarmos: ‘Querido Deus, SEI que vais responder a esta oração. Tu NÃO PODES deixar
de respondê-la’, então nossa confiança não está verdadeiramente na
sabedoria de Deus, e sim na nossa. Como pastor, tenho ouvido inúmeras vezes: ‘Confiei em Deus, orei tanto por isso ou
aquilo, e Deus não me atendeu. Que decepção!’. Contudo, para sermos mais
precisos, a fé e a esperança mais profunda dessas pessoas estavam no plano que
fizeram para suas vidas, e Deus não passava de um meio para alcançarem seu
objetivo. Na melhor das hipóteses, estavam confiando em Deus e também nos
próprios planos. Mas os três rapazes confiaram em Deus e ponto-final.
Superficialmente, a abordagem do ‘eu tenho certeza de que
Deus vai nos resgatar’ aparenta confiança, mas no fundo está repleta de
ansiedade e insegurança. Nosso medo é que talvez Deus NÃO responda ao nosso
pedido de livramento. Sadraque, Mesaque e Abednego, no entanto confiavam em
Deus inteiramente. Por isso não vacilaram nem um pouco. Espiritualmente, eles já
tinham passado pela prova de fogo. Estavam prontos para o livramento ou a morte
– de um jeito ou de outro, tinham certeza de que Deus seria glorificado e que
estariam junto dEle. Os rapazes sabiam
que Deus os livraria DA morte ou POR MEIO da morte.
A maior alegria dos três era glorificar a Deus, e não usá-lO
para alcançar seus objetivos na vida. Como resultado, mostraram-se destemidos.
Nada conseguiria derrotá-los.”
Timothy Keller, em
Caminhando com Deus em meio à dor e ao sofrimento,
Trechos das páginas 250 a 252