domingo, 13 de abril de 2014

Normal




Conheço um rapaz que para quase tudo o que você lhe diz, ele responde: Normal! Se você diz: “Ah, hoje eu cansei tanto no trabalho!”, ele responde: “Normal!”. Se você diz: “Esse filme é mostra tanta violência e contem tantas cenas de sexo explícito!”, ele responde: “Normal!”. Se você diz: “Tenho comido fast food em excesso. Preciso inserir mais frutas e cereais em minha dieta ou minha saúde cobrará em breve.”, ele responde: “NORMAL!”. Ou seja, normal; não há nada de estranho ou diferente em tudo isso!

O que Deus vê quando olha para os cristãos da atualidade? Vê aquelas pessoas “consideradas estranhas” por seus colegas de sala, já que não colam nas provas, não os acompanham nas festinhas do tipo baladas, são do tipo declarado: “me manterei virgem para o casamento”; por seus colegas de trabalho, já que não fumam, não bebem, não gostam de jogos de azar, suportam coisas que quase ninguém quer tolerar em prol do casamento, em vez de se divorciarem logo, renunciam prazeres egoístas para servir à família; pela sociedade, já que se vestem com recato e decência, falam uma linguagem de amor, sem murmuração (quer o tempo esteja ensolarado ou chuvoso), são honestos, bons pagadores, bons funcionários, etc?

Se é isso o que Deus vê eu não posso afirmar com clareza. Só sei que eu tenho visto aqueles que se dizem cristãos se comportando e vivendo como os não cristãos. Gastam o tempo e dinheiro como gente normal. Agem como a maioria. Vão aos mesmos locais que todo mundo. Tem os mesmos problemas no casamento e com os filhos que as pessoas ao redor. A taxa de divórcio entre cristãos e não cristãos não é diferente. A taxa de gravidez entre adolescentes, jovens que fazem uso de drogas, adultos (e até líderes religiosos) que acessam pornografia regularmente, dentre outras coisas está cada vez mais alarmante. Mas tudo bem, não é mesmo?  Isso é NORMAL!

No início de Apocalipse, Deus se dirige a sete igrejas, seis delas ouvem um elogio e uma advertência, mas para uma igreja em especial, Deus não tem nada de positivo ou bom para ressaltar. Sabem que igreja é essa? De Laodicéia. Esta cidade era dona de uma riqueza descomunal. Sabiam que trinta e cinco anos antes dessa carta ser escrita pelo apóstolo João, essa cidade havia sido atingida por um terremoto que a arrasou? Só que o povo de lá era tão rico que reconstruiu tudo de imediato, e não apenas reergueram o que antes existia, como reedificaram tudo em uma escala maior, mais imponente, magnífica, com um centro comercial belíssimo, balneários públicos grandiosos, estádios enormes, teatros esplêndidos. Entretanto, os laodicenses esqueceram-se de Deus.  Veja o que Deus lhes disse:

“Você diz: Estou rico, adquiri riquezas e não preciso de nada. Não reconhece, porém, que é miserável, digno de compaixão, pobre, cego e que está nu. Dou-lhe este conselho: Compre de mim ouro refinado no fogo e você se tornará rico; compre roupas brancas e vista-se para cobrir a sua vergonhosa nudez; e compre colírio para ungir os seus olhos e poder enxergar.”

Apocalipse 3:17-18

Os laodicenses estavam seguros em suas riquezas e não reconheciam sua humanidade frágil e miserável, impotente e carente. Para eles, o dinheiro resolvia tudo e eles pensavam não precisar de nada além do que suas riquezas já lhes proporcionavam. É claro que acreditavam em Deus, apenas não tinha nada a ver com a vida deles. É interessante que Deus lhes diz também que conhecia as obras deles, ou seja, sabia como eles se comportavam, e a mensagem é clara: "Vocês dizem que creem em mim, contudo não vejo isso no modo como vivem. Vivem como todo mundo. Não são desligados das coisas de Deus, apenas não arde em vocês o desejo de amá-lO, servi-lO, honrá-lO e conhecê-lO. Caminham pelo caminho largo, o que caminha a multidão, o que conduz à perdição."

“Conheço as suas obras, sei que você não é frio nem quente. Melhor seria que você fosse frio ou quente! Assim, porque você é morno, nem frio nem quente, estou a ponto de vomitá-lo da minha boca.”

Apocalipse 3:15-16 

Outro fator importante na história dessa cidade diz respeito a fonte de água local. A cidade não contava com uma fonte de abastecimento, mas duas: um córrego de água fria e uma nascente de águas quentes que ficavam perto da cidade. Então, Laodicéia não tinha água quente, nem fria, só água morna. Quando Deus usou a ilustração da água para aquele povo, falava de algo palpável e comum à história deles. Imagine Deus olhando para grande parte do que se passa no cristianismo hoje e dizendo: "Sei quem vocês são, vejo como vocês se comportam. E ainda se dizem cristãos! Vocês não são diferentes de ninguém e me dão vontade de vomitar!". A palavra grega usada para vomitar é emeo, que também pode ser traduzida como expelir, cuspir.

Quando leio sobre o povo de Laodicéia penso em nosso mundo atual. Shopping centers, prédios magníficos, templos grandiosos, tecnologia inovadora e que cresce em um ritmo alarmante, mídia que exalta a beleza física e o culto ao corpo, a fama e as riquezas que alguém consegue adquirir. É fácil acreditar em Deus quando levamos uma vida tão confortável e fácil, difícil é segui-lO quando e em locais que acontece exatamente o contrário.

Quer ver um lugar onde a igreja de Cristo é cheia de fogo e unção? Visite um país no Oriente, onde se você confessar a Cristo publicamente é preso, torturado e executado. Visite um país onde há fome e pobreza extrema e tudo o que eles tem é A ESPERANÇA DA GLÓRIA, onde Jesus não é apenas mais uma coisa, mas TUDO o que eles possuem. Nesses locais, os seguidores de Jesus são diferentes. Eles oram, se doam, creem verdadeiramente, não negam a fé, e caminham quase que solitários.

Aqui no Ocidente é fácil acreditar e se enturmar. É fácil fazer parte do grupinho na escola, no trabalho, ser morno e nem ter consciência, ou mesmo se importar. A não ser que você seja diferente, pois assim até mesmo dentro da que se diz Igreja você encontrará oposição. Aí sim você passará a ser alvo do pouco caso de algumas pessoas. Se você for normal, como todo mundo, ninguém o debochará.

Acontece que não fomos chamados para sermos normais e andar pelo caminho largo. Nossa jornada deve ser estreita e estritamente ligada às direções de Deus, restringindo-nos no modo de agir, pensar e viver ao exemplo de Jesus, fazendo-nos estranhos, diferentes, não normais. 

O caminho que a maioria das pessoas segue só leva a um beco sem saída, à destruição. Apenas algumas pessoas, as que não tem medo de deixarem a auto estrada normal, um grupo corajosos de viajantes dispostos a se destacarem na multidão embarcam em um tipo de jornada menos óbvia, um caminho não normal. Esse é o caminho que Jesus traçou e nos convida a percorrer. Eu caminho por ele. E você?

Um comentário:

  1. Estive pensando neste assunto durante a semana passada. O crente anda muito "cavainho": sim, sim; não, não; isso me assusta.

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